
Cirurgia da Tireoide
O que é a tireoide e onde se localiza no corpo humano?
A glândula tireoide é um órgão do sistema endócrino do corpo humano. Ela se localiza na porção central e inferior do pescoço, logo abaixo do “Pomo de Adão”, que é uma cartilagem da laringe.
Para que serve a glândula tireoide?
A tireoide é produtora dos hormônios tireoidianos (T3 e T4), que são responsáveis pelo controle de diversas partes do metabolismo dos órgãos do corpo humano.
Quais as doenças que podem acometer a glândula tireoide?
A tireoide pode sofrer de doenças que acometam sua forma (aumento difuso ou nodular), sua função (hipertireoidismo ou hipotireoidismo), ou ambas. Os nódulos de tireoide podem ser únicos ou múltiplos, benignos ou malignos, produtores de hormônio ou não. A grande maioria dos nódulos tireoidianos são benignos e não produzem hormônios.
Por que aparecem os nódulos na tireoide?
As causas dos nódulos da tireoide têm sido amplamente estudadas e debatidas. Os fatores mais claramente relacionados com a formação de nódulos são a carência de Iodo na dieta e o hipotireoidismo (elevação do TSH). Há, sem dúvida, uma maior predisposição de se desenvolver nódulos tireoidianos com o aumento da idade. Alguns estudos mostram que o consumo de Iodo em excesso leva ao aparecimento do bócio, assim como a gravidez aumenta as chances de aparecimento de nódulos. Todos os nódulos da tireoide devem ser avaliados por um cirurgião de cabeça e pescoço para se afastar a possiblidade de serem câncer de tireoide.
A glândula tireoide faz engordar ou emagrecer?
A crença de que quem tem doença de tireoide engorda ou emagrece deve ser esclarecida. De maneira geral, portadores de hipotireoidismo tendem a ganhar peso, e portadores de hipertireoidismo tendem a perdê-lo, devido às alterações das taxas de metabolismo corpóreo que essas doenças causam. Porém, há diversos graus de alterações da produção de hormônios, que nem sempre refletem no peso do indivíduo. Pacientes com hipotireoidismo discreto podem não perder peso, e pacientes com hipertireoidismo podem ter grande aumento do apetite, vindo até a ganhar peso. Além disso, desde que não haja interferência na produção de hormônios, a presença de nódulos não causa alterações de peso. E quando o hipotireoidismo ou o hipertireoidismo estiverem tratados, o peso tende a se estabilizar. Assim, indivíduos submetidos a tireoidectomias não necessariamente irão ganhar peso, uma vez que terão controle hormonal adequado com o acompanhamento médico.
Quais são os exames para avaliar os problemas da tireoide?
Os exames que freqüentemente são pedidos para avaliar os distúrbios da glândula tireoide são: Dosagem de hormônios tireoidianos: TSH e T4 livre para avaliar a função da glândula tireoide. Em algumas situações são solicitados o T4 total, T3 total e o T3 livre. Dosagem de anticorpos tireoidianos: São solicitados para avaliar a presença de algumas doenças autoimunes da tireoide. São eles o anticorpo antiperoxidase (Ac TPO), anticorpo antitireoglobulina (AC TG) e anticorpo antirreceptor de TSH (TRAB). Ultrassom de tireoide: É extremamente importante para avaliar a presença de nódulos tireoidianos, principalmente os não palpáveis. Informações como tamanho, localização dentro da glândula e características dos nódulos norteiam a decisões cirúrgicas assim como servem para o acompanhamento clínico dos mesmos. Biópsia por punção aspirativa com agulha fina (PAAF): Exame fundamental para se tomar a decisão de se realizar a cirurgia de tireoide, pois é o mais sensível para detectar malignidade. O exame consiste em colher células dos nódulos tireoidianos através de uma punção com agulha orientada ou não por ultra-sonografia. Raio X cervical: este exame serve para avaliar se a tireoide esta causando compressão e desvio das estruturas cervicais como a traquéia. Tireoides de tamanho aumentado podem comprimir a traquéia ou ter crescimento para o tórax (bócios mergulhantes). Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear Magnética: Não são solicitados de rotina. São úteis em bócios volumosos e mergulhantes, e para avaliar possíveis invasões de estruturas adjacentes em casos de câncer de tireoide avançados.
Por que se faz a cirurgia da tireoide?
As principais razões para se realizar a tireoidectomia são: Suspeita de malignidade Compressão cervical, desvio de traquéia ou bócios mergulhantes (que crescem em direção ao tórax) Hipertireoidismo refratário a tratamento clínico Estético: Embora não seja uma indicação comum, nódulos que levam a um desconforto estético podem justificar uma cirurgia de tireoide.
Posso viver sem a glândula tireoide após sua retirada cirúrgica?
Sim. Os hormônios produzidos pela glândula podem ser substituídos pelos análogos sintéticos presentes em alguns medicamentos. Todo hormônio que era produzido pela glândula, deverá ser tomado através de comprimidos, sem que haja qualquer prejuízo para a saúde do indivíduo.
SOBRE CÂNCER DE TIREOIDE
Quais são os tipos de câncer de tireoide? Quais são os mais comuns?
Os principais tipos de câncer de tireoide serão listados e os dois primeiros tipos são classificados como carcinomas bem diferenciados de tireoide : Carcinoma papilífero: o mais freqüente e normalmente de boa evolução. Ocorre em 75 a 80% dos casos. Carcinoma folicular: apresenta em geral boa evolução, ocorrendo de 10 a 15 % dos casos. Está incluído um subtipo que é o carcinoma de células de Hürthle, com freqüência de 3%. Carcinoma Medular: apresenta pior evolução e menor chance de cura. Mais raro, ocorre em 3,5% dos casos. Carcinoma Indiferenciado ou anaplásico: Quase sempre é fatal mas felizmente muito raro, acometendo até 1,5%.
O câncer de tireoide é comum?
O câncer de tireoide não é um câncer comum, ele representa 1 a 2% de todos os cânceres. Todavia é o tipo de câncer endócrino mais comum e é um dos poucos tipos de câncer que tem aumentado sua incidência com o tempo. Em parte, este fenômeno é explicado pelo aumento do diagnóstico precoce através de exames de tireoide por outros motivos.Estima-se que 18 em cada 100.000 mulheres desenvolvem câncer de tireoide no Brasil anualmente. A proporção de incidência entre homens e mulheres é 1 : 3.
Como se trata o câncer de tireoide?
Basicamente o tratamento é cirúrgico e consiste em realizar a tireoidectomia total. A cirurgia retira a glândula tireoide e resseca gânglios linfáticos adjacentes acometidos pelo tumor, o que se chama de esvaziamento cervical. No pós-operatório faz-se a supressão hormonal, que consiste em repor o hormônio tireoidiano com uma dose um pouco superior a necessária, com o intuito de diminuir a produção pela hipófise do TSH, um hormônio que estimula o crescimento do câncer de tireoide. O objetivo é deixar os níveis de TSH em um valor inferior ao nível normal.
A radioterapia e a quimioterapia são usadas para o câncer de tireoide?
Raramente. O câncer de tireoide normalmente é pouco responsivo a estes tratamentos, mas algumas vezes são indicados em tumores avançados de tireoide.
Como é o tratamento com Iodo radioativo?
Quando o médico indica o tratamento com Iodo radioativo este só acontece após a cirurgia de tireoidectomia total. É necessário que o paciente esteja em hipotireoidismo e portanto só ocorrerá após cerca de 30 dias que o paciente está sem reposição hormonal tireoidiana. Há também uma rigorosa dieta a ser seguida e também é necessário evitar contato com qualquer substância que contenha Iodo em sua composição. Para o tratamento é necessário internação hospitalar em regime de isolamento porque após a ingestão da dose de iodo radioativo, são necessárias medidas para evitar a contaminação ambiental e de pessoas próximas, pois a radiação é eliminada pela pele, urina e fezes. Felizmente este tratamento apresenta poucos efeitos colaterais e em geral são bem tolerados. Sensações como alteração do paladar e inflamação nas glândulas salivares podem ocorrer.
As chances de cura são boas?
Sim, cânceres de tireoide em estágios iniciais tem chance de cura maiores que 90%. Diversos estudos revelam que pacientes submetidos a tratamento de câncer bem diferenciado de tireoide tem até 95% de chance de estar vivos após 20 anos. Os pacientes que não apresentam boa evolução normalmente recorrem precocemente.
Vou ter vida normal após o tratamento do câncer de tireoide?
Sim. Conforme já dissemos, as chances de cura são ótimas. Só será necessário a reposição hormonal sempre acompanhada pelo médico Endocrinologista ou Cirurgião de Cabeça e Pescoço. Esta reposição não traz limitações para as atividades cotidianas e apresenta poucos efeitos colaterais.
Fonte SBCCP